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sábado, 29 de novembro de 2008

A partida de Vasco da Gama para a Índia


(Esboceto de Miguel Ângelo Lupi (1826-1883) realizado para a «Exposição Camoneana do Centenário» de 1880 e apresentado no Palácio de Cristal, do Porto. A frota de Vasco da Gama partiu para a Índia em 8 de Julho de 1497.)
Retirado do Portal da História

Discretamente no dia 8 de Julho de 1497, partia do Tejo, Vasco da Gama com a sua armada de exploração, rumo à Índia. Quando utilizo o termo discreto, acrescentarei, que naturalmente o aparato da armada, não permitiria tanta descrição quanto isso, refiro o cerimonial da partida, já que a simples razão do rei estar, por essa altura em Évora, justificou esse facto.

Foi rezada uma missa solene, na Igreja de Nossa Srª da Vocação em Belém , que o Infante D. Henrique havia mandado erguer, no local onde hoje está, o Mosteiro dos Jerónimos.

Seguiu-se uma procissão, para acompanhar os marinheiros até junto dos batéis, para embarcarem para as caravelas fundeadas ao largo.

Tinham sido apetrechados três navios, o S. Gabriel, o S. Rafael e o S. Miguel.

Vasco da Gama, desde 1496 que tinha sido nomeado para comandar esta expedição, já por D.Manuel, que o havia chamado a Montemor-o-Novo, para o incumbir desta missão e que Vasco da Gama havia aceite comprometendo-se a atingir o seu objectivo, desfraldar a bandeira da Ordem de Cristo perante todos os povos que avistasse, defendendo-a com a vida e trazendo-a de volta no seu regresso, vitorioso.

Na preparação da viagem Vasco da Gama pediu aos seus marinheiros que aprendessem ofícios enquanto não embarcassem, para que durante a viagem, não houvesse apenas marinheiros, mas especialistas noutras Artes como, carpinteiros, cordoeiros, calafates, ferreiros e torneiros que pudessem garantir a manutenção das embarcações, no decorrer da viagem.

Vasco da Gama, era oriundo duma família nobre, seu pai Estêvão da Gama fora alcaide de Sines assim, terá sido nesse lugar que Vasco da Gama por certo pela mão de seu pai, adquirira as necessárias noções da arte de marear, Matemática, Cosmografia e Astronomia, bem como o manuseamento de instrumentos náuticos, como a bússola ou o astrolábio.

Para além do facto descrito, da presença de D.Manuel em Évora, por certo também devido à peste que grassava pela cidade, a falta de cerimonial na partida da armada, também se deveu a questões de sigilo, decorrente do facto do Tratado de Tordesilhas, assinado apenas 3 anos antes, marcara apenas a linha divisória no Atlântico, mas não definira outra linha que passasse pela Ásia.

Colombo andava por outra paragens, havia nessa altura um casamento para negociar e à insistência espanhola para que fizessem explorações conjuntas, em demanda da Índia, Portugal resguardava-se de dar resposta.

Tudo isto justifica o sigilo dessa partida

domingo, 23 de novembro de 2008

O plano de D.Manuel para problema dos judeus e mouros



De facto D.Manuel, não esperava que o seu contrato de casamento, dependesse com tanta veemência da expulsão dos judeus e mouros de Portugal. terá inclusivamente chegado a pensar que a assinatura do decreto fosse suficiente para que o casamento se concretizasse, porém a obstinação de D.Isabel em vir para um Reino, que não fosse habitado exclusivamente por cristãos, colocou ao Rei a necessidade de resolver a questão duma forma mais concreta.

Se por um lado era imperioso promover a saída de mouros e judeus, por outro lado, D.Manuel tinha a noção do abalo económico que poderia representar para o reino a saída em especial dos judeus.

Tomou então algumas medidas, por uma questão de controle da situação, ordenou que a saída dos judeus, acontecesse apenas em Lisboa, proibindo a saída por outros portos.

Mandou capturar e retirar das suas famílias todos os menores de 14 anos, entregando-os a famílias cristãs, para que procedessem à sua educação e criação segundo os cânones da Fé Cristã, pagando a coroa as respectivas despesas.


O acordo com os muitos judeus que se reuniram em Lisboa (cerca de 20.000), era mais vasto pois permitira que quem quisesse permanecer em Portugal o fizesse mediante a respectiva conversão e desse modo recuperariam os filhos, prometendo ainda que durante 20 anos, não seriam incomodados.

Muito embora, alguns judeus tenham preferido matar os seus filhos a aceitar este "acordo", muitos aderiram tendo acontecido o primeiro grande baptismo colectivo em 26 de Março de 1497, na igreja de Santa Luzia, contra a promessa de recuperação dos filhos.

A ideia era clara, D. Manuel pretendia que com o tempo a sociedade judaica (cristãos-novos) fosse diluída na cristã tendo inclusivamente proibido que os cristãos-novos casassem entre si, ao mesmo tempo que proibia a existência de livros em hebraico.

Todo este processo afinal iria ainda prolongar-se por algum tempo, mantendo-se a recusa de D.Isabel em entrar em Portugal, enquanto existissem por cá, ainda casos por resolver e só nos primeiros dias de Outubro foi possível concretizar-se o casamento, cujas bodas decorreram em Valência de Alcântara, dum forma bem mais discreta, que a boda do primeiro casamento de D.Isabel, não só pela tensão gerada pelos acontecimentos descritos como também porque D.João de Castela herdeiro do trono de Espanha agonizava em Salamanca.

As medidas adoptadas não foram extensivas aos mouros, sobretudo a medida de coacção da retirada dos filhos ou o baptismo forçado, os islamitas foram simplesmente expulsos, não mais do que isso, provavelmente temendo represálias anti-cristãs, ou porque o interesse económico não era tão profundo.


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

As condições do contrato de casamento



Uma vez rei, a prioridade principal de D.Manuel, passou a ser o casamento e o assegurar da continuidade da dinastia.

E as condições da sua ascensão so trono, requeriam que o fizesse fora de Portugal, por forma a acentuar a legitimidade e a dignidade de quem não tinha nascido filho de rei.

Quase de imediato os Reis Católicos, Isabel e Fernando, ofereceram a D.Manuel a mão da sua filha Maria, uma das suas filhas ainda não comprometida.

A forte desavença que se vinha acentuando pelo menos desde meados deste século, entre a Espanha e a França, tinha aumentado em muito a importância de Portugal, junto daqueles países e é neste contexto, que se deve entender o interesse dos Reis Católicos, nesse casamento.

D.Maria era a terceira filha de Fernando e Isabel, então com 14 anos, mas a resposta que D.Manuel enviou à corte dos reis vizinhos, foi a de que pretendia antes casar com a infanta D.Isabel que fora antes casada com o príncipe herdeiro D.Afonso, filho de D.João II e prematuramente desaparecido como se sabe em 1491.

Vária razões se podem apontar para esta escolha
  1. A diferença de idades Maria tinha 14 anos, Isabel 26, o que poderia significar bastante, no rápido nascimento dum herdeiro.
  2. Isabel era a segunda pessoa na linha de sucessão das coroas de Castela e Aragão, depois do seu irmão D.João.
  3. D. Manuel já conhecia D.Isabel desde 1490, quando a 19 de Novembro, fora ele quem a recebera para a conduzir ao casamento com D.Afonso. Já a conhecia dessa altura e talvez tenha fica uma boa recordação.
O contrato de casamento acabou por ser selado em Burgos a 30 de Novembro de 1496.

Se as negociações deste casamento até ai tinham sido demoradas, atendendo a que se negociava igualmente um conjunto de vários casamentos da descendência das coroas de Aragão e Castela, que a complexidade inerente á respectiva política de alianças comportava, ainda mais complicada ficou a consumação do casamento, que os Reis católicos se comprometeram a efectivar até Maio de 1497, com a condição do compromisso de D.Manuel que expulsaria os judeus e mouros do seu reino.

Muito embora o tratamento aos judeus e mouros não tivesse sido totalmente correcto no reinado de D.João II e algumas atitudes bárbaras tenham sido cometidas, o certo que muita gente permanecia em Portugal nessa altura e só a grande vontade de D.Manuel em casar com D.Isabel o levou a alterar, atitude de complacência que havia demonstrado no início do seu reinado, assinando em 5 de Dezembro em Muge a ordem de expulsão dos judeus e mouros, tendo-lhes dado um prazo até Outubro do ano seguinte para abandonarem o reino.

Ele tinha, ainda assim um plano diferente, que iria tentar experimentar no ano seguinte