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domingo, 28 de dezembro de 2008

A morte do príncipe mais poderoso da Península



A viagem de regresso de D.Manuel a Portugal, foi penosa e bem solitária tendo deixado para trás uma esposa que amava e o filho recém-nascido, que ficara aos cuidados dos avós. Não se sabe aos certo que tipo de acordo terá existido, entre D.Manuel e os sogros, mas o facto é que o jovem herdeiro por lá ficou eventualmente pelo peso decisório dos Reis Católicos.


D.Manuel deixou Saragoça a 9 de Setembro de 1498, tendo sido sempre acompanhado no seu percurso até à fronteira pelo Duque de Alba, o que demonstra a consideração que pelo menos Fernando de Aragão, dispensava a seu genro, tendo el-rei chegado a Lisboa 1 mês depois.

Nunca mais D.Manuel, veria o seu filho, porque a vida do infante herdeiro, também não foi longa, acabou por falecer em Granada a 20 de Julho de 1500, com quase 2 anos, embora o seu falecimento não tenha constituído surpresa para ninguém, tal a debilidade do seu estado de saúde. Provavelmente por isso a sua morte foi acolhida em toda a Península Ibérica, com um certo alívio, porque não se adivinhava em tal enfermo, capacidade de herdar tão pesada coroa. Curiosamente, pelo príncipe mais poderoso da Ibéria, nem luto se pôs e os cerimoniais do seu funeral, bastante singelas.

Enquanto foi vivo, mesmo com apreensões de natureza política, D.Miguel da Paz foi jurado herdeiro da coroa de Aragão em 22 de Setembro de 1498, Castela em em Ocaña em Janeiro de 1499 e Portugal em cortes formadas em Lisboa a 7 de Março do mesmo ano.

As reservas levantadas em Portgal a esse herdeiro, foram múltiplas, mas compreender-se-á o receio que a coroa ibérica comum, fosse desvantajosa para Portugal, de tal modo que D.Manuel, acaba por assinar um documento em que procura salvaguardar a autonomia portuguesa, nesse contexto duma coroa ibérica.

Eram muito precisas as precauções, em relação aos assuntos de natureza administrativa, como cargos políticos e demarcação de poderes, para que não se misturassem os assuntos e que Portugal não viesse a tornar-se apenas uma províncias do reino das Espanhas.Também as questões africanas dos domínios da Guiné, Fez da Mina e da India, deveriam ser sempre tratados enquanto territórios portugueses.

Determinava-se ainda que as assuntos sobre o governo de Portugal deveriam ser resolvidos em reunião de cortes em Portugal.

Todas as precauções, foram contudo inúteis atendendo ao desfecho causado pela morte do jovem herdeiro



quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O nascimento de D.Miguel da Paz

O séquito real partira de Lisboa a 31 de Março de 1498, com destino a Saragoça, na altura residência oficial do reis católicos, numa longa viagem, ao encontro da glória.

A viagem decorreu pelo Alentejo, até Elvas onde chagaram 5 dias depois. A comitiva era numerosa e de requinte, envolvendo as principais cabeças da nobreza portuguesa, algumas a história próxima daquele tempo, se encarregaria de tornar famosos, como D.Francisco de Almeida que haverá de ser o 1º vice-rei da Índia, ou Tristão da Cunha.

O plano de viagem era vasto, previa-se que D.Isabel e D.Manuel, fossem jurados herdeiros, percorrendo os "reinos da Espanha," depois da nomeação pelas cortes de Castela em Toledo e pelas e pelas de Aragão em Saragoça, seguindo-se Barcelona, Valência e Granada.

A comitiva foi recebido, com igual pompa à da qualidade da comitiva portuguesa, com os duques de Alba e de Medina Sidónia entre outras, das figuras mais proeminentes daqueles reinos. Demoram a chegar a Toledo, mais de 20 dias, já que pelo caminho imensas foram as paragens, porque se atravessava o período da Páscoa, mais os respectivos festejos.

O cerimonial foi longo, nada menos que em 4 sessões, terminando a última apenas em 13 de Maio, só depois como previsto se deu a saída das duas enormes comitivas com destino a Saragoça.

Como se sabe os reinos de Castela e Aragão, estavam ainda separados e se a nomeação em Toledo, no reino de Isabel, não tinha havido a menor objecção, já em Aragão, no reino de Fernando, as coisas se passaram de modo diferente.

Alegavam os aragoneses que o seu rei ainda podia ter filhos legítimos e um futuro casamento de Fernando poderia trazer um novo herdeiro à sua casa real. Discussão que demonstra que, pelo menos nas hostes aragonesas a união das coroas, não era ainda um facto, celebrado com muita alegria.

As cortes em Saragoça, levantaram uma serie de questões pertinentes, que afastavam os reis de Portugal, o verdadeiro facto já consumado, como herdeiros de Aragão, mesmo atendendo à vaga "herança genética" de D.Manuel nessa matéria, pois a sua avó paterna, era aragonesa.

De tal modo foram demoradas estas discussões em cortes, que a 24 de Agosto, chegou a hora de D.Isabel dar à luz o herdeiro de Portugal e que se aventava como uma das hipóteses a encarar na resolução deste problema.

Contudo o nascimento do aguardado herdeiro D.Miguel da Paz, trouxe um desenlace fatal para sua mãe, D.Isabel, que morreu durante o parto, o que de imediato, afastou D. Manuel, da herança dos Reis Católicos, mas abria de imediato um novo horizonte aos negociadores em cortes e ao jovem bebé acabado de nascer. Seria o herdeiro de três monarquias hispânicas e o seu nome fazia jus a um sinal de esperança de unidade peninsular que durante séculos se haviam guerreado.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Acontecimento no ano de 1498(I)

*-A Rainha de Portugal, herdeira das coroas de Castela e Aragão

Nos post em que se relata o casamento de D.Manuel, alude-se ao facto do irmão da rainha de Portugal, D.Isabel, estar agonizando. Acabou por falecer apenas 2 dia depois do casamento da irmã com D.Manuel, o que traria com consequência que a rainha de Portugal, se encontrava perto da linha de sucessão ao trono de Castela.

Porém a cunhada Margarida de Áustria viúva de D.João de Castela esperava um filho, cujo nascimento solucionaria a questão sucessória.

Aconteceu contudo que, o aguardado herdeiro de Castela, acabou por nascer morto, extinguindo-se a descendência varonil dos Reis Católicos, acabando por ser D.Isabel a herdeira de Castela e Aragão, mas que entretanto já se encontrava grávida de 2 meses, pelo Natal do ano de 1497.

*-Cortes de Lisboa em 1498

Inicialmente previstas para Évora, acabaram por decorrer em Lisboa, entre 11 de Fevereiro e 24 de Março, as segundas cortes convocadas por D.Manuel.

Cortes que se iniciaram sob um clima de certa inquietação, pelas notícias da "herança" que indirectamente também lhe dizia respeito, pois os portugueses receavam que essa condição de rei ibérico que poderia, recair na cabeça de D.Manuel, viesse a resultar a longo prazo, em prejuízo e viessem a ser subalternizados numa monarquia conjunta.

Para além dos assuntos do Reino, normalmente tratados em cortes, queixas e propostas apresentadas pelo representantes concelhios, também o rei preparou a sua viagem a Castela, que se impunha dadas as circunstâncias.

A regência ficou entregue à sua irmã Leonor, a "rainha velha", viúva de D.João II e nomeado um sucessor ainda que provisório, cuja escolha recaiu em D.Jaime o seu sucessor natural, contrariando os desejos de D.João II que em testamento indicara o seu filho bastardo D.Jorge, como herdeiro de D.Manuel enquanto este não tivesse filhos.

D.Jorge aliás seguira integrado na comitiva real para Castela, um detalhe próprio de quem pensaava que se algo lhe acontecesse, D.Jorge estaria afastado do Reino