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sábado, 31 de dezembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1504

  • Lopo Soares parte para a Ìndia
A 22 de Abril de 1504, Lopo Soares capitaneou a Armada que partiu para a Índia, onde derrotou os muçulmanos, em Calecute a 31 de Dezembro do mesmo ano.

Regressou a Portugal logo no ano seguinte, para rumar novamente para a Índia, depois de ter sido nomeado governador desse território, sucedendo a Afonso de Albuquerque em 1515.


  • Duarte Pacheco Pereira defende Cochim

Em 1503 Duarte Pacheco Pereira partiu para a Índia como capitão do Espírito Santo, um dos três navios da frota liderada por Afonso de Albuquerque . Em 1504, ele foi colocado no comando da defesa de Cochin , um protectorado Português na Índia, que sofrera ataques do Samorim de Calicutum, entre Março e julho 1504.

Com apenas 150 portugueses e um pequeno número de auxiliares malabarese à sua disposição, em confronto com o exército do Samorim de 60.000.no entanto, através do posicionamento inteligente, heroísmo individual e de muita sorte, Duarte Pacheco conseguiu resistir aos ataques por cinco meses, até que o Samorim humilhado, finalmente, deu a luta por terminada.

Por suas façanhas na defesa de Cochim a Duarte Pacheco foi dado um subsídio e recebido com honras pelo rei quando do seu retorno a Lisboa em 1505.

  • Nascimento de D.Beatriz
A 31 de Dezembro nasceu em Lisboa D.Beatriz, Infanta de Portugal terceira filha do segundo casamento do rei D. Manuel I com D. Maria, Infanta de Aragão.

Casou em Villefranche-sur-Mer em 29 de Setembro de 1521 com o duque de Sabóia Carlos III d, sendo mãe, entre outros, de Emanuel Felisberto, duque de Sabóia, pretendente ao trono português em 1580.

Viria a morrer em Nice a 8 de Janeiro de 1538

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Acontecimentos no ano de 1504

  • Instituída a devoção e procissão de S. Miguel Arcanjo, Anjo Custódio do Reino.
D. Manuel com os Bispos do Reino solicitaram ao Papa Leão X a oficialização dessa devoção já muito alastrada, ao que o Papa acedeu em 1504 com a instituição da Festa do Anjo Custódio do Reino de Portugal.

O Rei determinou depois que em todas as igrejas esta festa fosse solenizada com grande devoção e maior solenidade: e que toda a sociedade estivesse realmente presente, desde os homens de maior responsabilidade até ao mais pequeno súbdito.

A data da festividade nem sempre foi a mesma. É posterior a data fixa de 10 de Junho, sendo que antes calhava no terceiro Domingo de Julho ou Junho (o terceiro Domingo de Junho prevaleceu).

Fonte . Ascendens

  • Rui Gonçalves da Câmara assume o governo da capitania de S.Miguel

Rui Gonçalves da Câmara, atingida a maioridade , sucedeu a seu pai na capitania de S.Miguel como 5.º capitão do donatário, o filho primogénito que se encontrava na corte.

Era casado com D. Filipa Coutinho, da família dos condes de Marialva. Pouco depois do novo capitão chegar a São Miguel, a sua mãe e irmãos desaparecem no mar durante uma viagem para Lisboa (o navio perdeu-se sem deixar rasto).

A presença do corregedor, novo cargo criado no ano anterior à sua posse, veio desencadear um grave conflito de competências, envolvendo o capitão, o contador da fazenda real e o ouvidor eclesiástico, tendo-se este último arrogado competências que excediam em muito a tutela sobre o clero, já que conhecia de matérias civis e se considerava isento de obediência às restantes autoridade



domingo, 23 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1504

  • Inauguração do Hospital de todos os Santos
Em 1492, quando D. João II lançou em cerimónia pública a primeira pedra para a construção do Hospital de Todos os Santos, sua intenção era dotar Lisboa de uma casa hospitalar que pudesse assistir à população que vivia na cidade e em seu termo.

Erguido no Rossio, sobre o chão do antigo cemitério dos mouros e às custas da desapropriação de construções que serviam de morada e de oficinas artesanais, o primeiro Hospital Real português foi concluído em 1504,

A obra desactivou as modestas instalações que serviam de enfermaria para os oficiais mecânicos no fundo das lojas e foi um passo decisivo para a transformação do conceito das unidades hospitalares em Portugal.

Entregue à protecção de Todos os Santos, porque reuniu os antigos hospitais, identificados por patronos celestes, a instituição pretendia ser uma casa de saúde. Embora oferecesse os serviços de um capelão para conforto espiritual e psicológico de seus pacientes, seu desiderato não se restringia a abrigar doentes para que tivessem uma boa morte e os últimos cuidados religiosos. Definidos por Regimento em 1504, o perfil e a actuação do quadro funcional e o próprio dia-a-dia hospitalar revelavam que o propósito maior do estabelecimento era a recuperação do interno

O rigor com a limpeza do hospital, a manutenção de condições necessárias para prover a alimentação adequada a cada paciente, o controle do excesso de ruídos, a postura a ser assumida pelos funcionários diante da doença e da morte, assim como a disposição calculada dos leitos nas instalações, davam a tónica do discurso médico-administrativo do Hospital Real.

A equipe médica era formada por dois físicos, dois cirurgiões, um barbeiro e sangrador, um boticário, uma cristaleira, além dos enfermeiros e de uma ajudante da enfermaria feminina.

Com excepção de um dos físicos, um dos cirurgiões e do barbeiro, todos os outros oficiais moravam nos alojamentos do Hospital, para acudir de imediato os internos. Os físicos e os cirurgiões realizavam, diariamente, cada qual por sua vez, duas visitas aos doentes. A primeira tinha lugar logo ao raiar do sol, a segunda ocorria até as duas horas da tarde

Nestas diligências, os quatro eram acompanhados pelo boticário, pelo barbeiro e pelo vedor. Após os procedimentos de costume, ou seja, a verificação do pulso e o "exame das agoas" (urina), o enfermeiro-mor registrava no prontuário do paciente – uma tábua de madeira presa à cama com os dados de identificação do interno – as mezinhas a serem preparadas pelo boticário, a dieta prescrita pelo médico, que o vedor encaminharia à cozinha, e as sangrias a serem executadas pelo barbeiro.

A estipulação de uma rotina hospitalar, com horários de atendimento determinados pelo regulamento, e a manutenção de um quadro funcional fixo, com funções interligadas, disponível a qualquer hora, por residir na instituição, articulada à remoção discreta e imediata do paciente após o óbito, por ser a prova maior do fracasso do tratamento, fizeram do Hospital de Todos os Santos um ícone das tecnologias disciplinares implementadas pela Coroa portuguesa no século XVI.

  • O rei concede isenção de sisas à Ordem de Cristo.
Foi o rei D. Manuel que privilegiou a Ordem de Cristo e todos os membros e instituições da Igreja entre 1498 e 1504, eximindo-os do pagamento deste imposto, além da dízima e da portagem.

  • Início do povoamento da ilha das flores

Manuel I faz a doação da capitania-donataria a João da Fonseca, a 1 de Março de 1504, que retoma o povoamento com elementos vindos da Terceira e da ilha da Madeira, aos quais se somou, por volta de em 1510, nova leva de indivíduos de várias regiões de Portugal, com predomínio dos do norte do país.

Este povoamento distribuiu-se ao longo da costa da ilha, com cada família ou grupos afins ocupando a data ou sesmaria que lhes coubera, com base na cultura de trigo, cevada, milho, legumes e na exploração da urzela e do paste

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1503

  • Vicente Sodré terá chegado à ilha de Socotorá.

Vicente Sodré partiu para a Índia a 10 de Fevereiro de 1502, como sota-almirante (sota-capitão) da armada comandada por seu sobrinho D. Vasco da Gama, pois estava determinado que substituiria o almirante em caso deste falecer, e morreria num naufrágio sob um tufão, junto às ilhas Curia Muria (Omã), em finais de Abril ou inícios de Maio de 1503.

Vicente Sodré, servidor fiel e experimentado do rei, antes do mais interpreta e encarna esta visão ao zarpar para o estreito de Meca e advir o verdadeiro precursor do combate contínuo pela nossa hegemonia marítima no Índico, o primeiro mártir desse esforço secular homérico, ficando na História, fossem quais fossem os seus pecados, como o primeiro capitão-mor do mar da Índia, que a partir dele sempre contou com a permanente presença naval portuguesa até há poucas décadas.

A terminar, em termos muito gerais, talvez seja possível aventar que a morte de Vicente Sodré conduziu a uma modificação na estratégia portuguesa, nesta fase centrada no monopólio do comércio das especiarias. Com Gama ajuizara-se que bastaria instalar feitorias nas principais cidades indianas que escoavam as especiarias e fazer amizade com os rajás locais.

Com a resistência enfrentada por Cabral concluíra-se que além das feitorias eram necessárias armadas permanentes para as proteger e dominar as rotas do comércio marítimo. Com a morte de Sodré percebera-se que a mobilidade, a velocidade e a iniciativa no mar não eram suficientes, havendo que construir fortalezas para apoiar as feitorias e as armadas. A trilogia feitoria-fortaleza-armada será a chave do Império.


Nos círculos comerciais, a notícia do achamento de terra firme no Atlântico Sul despertou o interesse dos armadores dos portos do Atlântico e do Mediterrâneo. A presença de representantes de casas comerciais italianas e alemãs em Portugal, sobretudo de florentinos e genoveses, datava do início da epopéia da expansão ultramarina. Forneciam capital, armavam navios e participavam ativamente do processo de expansão da agroindústria do açúcar no Algarve e nas ilhas atlânticas (Madeira, Cabo Verde, São Tomé). A concessão de privilégios comerciais a banqueiros estrangeiros tornara-se relativamente freqüente no transcorrer do século XV.

  • Financiamentos por banqueiros europeus
O banqueiro e mercador florentino Bartolomeu Marchione, um dos mais poderosos de Lisboa, redistribuía açúcar e vinhos da Madeira às casas comerciais dos Médicis em Londres e Bruges. Marchione financiou parte das expedições de descobrimento e comércio visando à abertura da Carreira das Índias e armou naus nas expedições de 1500, 1501 e 1502.

Os Affaitati, banqueiros de Cremona e donos de uma das mais bem-sucedidas companhias internacionais dos séculos XV e XVI, tinham representantes comerciais em Lisboa desde o final do século XV e participavam da redistribuição do açúcar da Madeira e, posteriormente, da pimenta da Índia.

A casa comercial dos Welser, uma das mais importantes do sul da Alemanha, financiou e enviou representantes nas expedições à Índia, além de possuir uma feitoria na Madeira. O mesmo ocorria com a casa dos Fugger de Augsburgo, embora em escala menor.

sábado, 8 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1502

  • Início da construção do Mosteiro dos Jerónimos
Encomendado pelo rei D. Manuel I, pouco depois de Vasco da Gama ter regressado da sua viagem à Índia, foi financiado em grande parte pelos lucros do comércio de especiarias.

Escolhido o local, junto ao rio em Santa Maria de Belém, em 1502 é iniciada a obra com vários arquitectos e construtores, entre eles Diogo Boitaca (plano inicial e parte da execução) e João de Castilho (novo plano,abóbadas das naves e do transepto – esta com uma rede de nervuras em forma de estrela –, pilares, porta sul, claustro, sacristia e fachada) que substitui o primeiro em 1516/17

Deriva o nome de ter sido entregue à Ordem de São Jerónimo, nele estabelecida até 1834.

  • Vasco da Gama funda uma feitoria na ilha e Moçambique

Vasco da Gama desembarcara em Inhambane a 11/1/1498, chamando à região a Terra da Boa Gente. Onze dias depois chega a Quelimane onde coloca um Padrão de S. Rafael, e a 1 de Março borda a Ilha de Moçambique. Em 1502, desembarca por uma segunda vez fundando uma feitoria na Ilha de Moçambique.
  • Bombardeamento de Calecute

Conquista de Calecut, depois de bombardear a cidade durante um dia inteiro. Comete algumas atrocidades, como a de incendiar uma nau com 300 homens e mulheres a bordo.

Rumou para o sul até Cochim, um pequeno reino rival, onde foi calorosamente recebido pelo Rajá,estabelecendo ali uma feitoria e regressando à Europa com seda e ouro

  • O achamento da baia de Guanabara


O primeiro registro da passagem de um europeu pela região foi a expedição portuguesa de 1501-1502 comandada por Gaspar de Lemos (algumas fontes creditam a liderança da expedição a André Gonçalves, outras a D. Nuno Manuel, a qual tinha por objectivo explorar a costa brasileira.

O Brasil havia sido descoberto um ano antes. Da expedição de Lemos (ou Gonçalves ou D. Nuno) fazia parte o piloto florentino Américo Vespúcio, o qual, ao passar pela atual Baía de Guanabara (Guanabara é um nome tupi que significa "mar do seio", numa referência à abundância de alimentos proporcionada por suas águas ou então ao formato circular da baía, semelhante ao formato de um seio.

A porção mais externa da baía, próxima ao oceano, era conhecida pelos índios como Niterói, que significa "Água escondida em 1 de janeiro de 1502, nomeou-a como rio de Janeiro, por acreditar tratar-se da foz de um rio.

A expedição explorou a baía e não pode ter deixado de notar a presença dos índios tamoios e temiminós que povoavam as margens da baía. A expedição não se deteve por muito tempo na região e continuou sua viagem exploratória pelo litoral até o extremo sul do continente.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Morte de Bartolomeu Dias

Bartolomeu Dias morre a 29 de Maio de 1500 foi um navegador português que ficou célebre por ter sido o primeiro europeu a navegar para além do extremo sul da África, "dobrando" o Cabo da Boa Esperança e chegando ao oceano Índico a partir do Atlântico.

Dele não se conhecem os antepassados, mas mercês e armas a ele outorgadas passaram a seus descendentes.

Ignora-se onde e quando nasceu, no entanto alguns historiadores sustentam ter ele nascido em Mirandela, Trás-os-Montes.

Em 1486, D. João II confiou-lhe o comando de duas caravelas e de uma naveta de mantimentos com o intuito público de saber notícias do Preste João. Ao comando da caravela S. Pantaleão estava João Infante.

O propósito não declarado da expedição seria investigar a verdadeira extensão para Sul das costas do continente africano, de forma a avaliar a possibilidade de um caminho marítimo para a Índia. Porém antes disso, capitaneara um navio na expedição de Diogo de Azambuja ao Golfo da Guiné.


Marinheiro experiente, o primeiro a chegar ao Cabo das Tormentas, como o baptizou em 1488 (chamado assim pois lá encontrou grandes vendavais e tempestades), um dos mais importantes acontecimentos da história das navegações.

Antes para se chegar à Índia era preciso apenas cruzar o Mar Mediterrâneo passando por Génova e Veneza, que eram grandes centros comerciais graças ao Renascimento, só que eram agora dominados pelos turcos.

Acompanhou a construção dos navios e acompanhou a esquadra de Vasco da Gama, em 1499 como capitão de um dos navios que tinha como destino até São Jorge da Mina. A expedição partiu em 1497. Em 1500, acompanhou Pedro Álvares Cabral na famosa viagem em que este descobriu o Brasil. Quando a frota seguia para a Índia, o navio em que ia Bartolomeu Dias naufragou e o valente marinheiro achou a morte junto da sua descoberta mais famosa - o Cabo da Boa Esperança.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Chegada de Vasco da Gama a Calecute

A 8 de julho de 1497 partimos para a descoberta de um caminho marítimo para as Índias. Não nos rastros de Colombo e, sim, nos nossos próprios. Quatro navios e tripulações cheias de esperança, tensão e, quem sabe, de medo diante do novo. Meu irmão Paulo da Gama era o capitão da São Rafael, o bom Gonçalo Álvares tinha o comando desse navio. A aventura começou pouco depois de contornarmos o Cabo da Boa Esperança. Além desse ponto, nenhum outro navegador português havia velejado. Fizemos paradas em portos estranhos: Mombaça, Moçambique e Quilmana.

Os autóctones reagiam à nossa presença, algumas vezes como amigos, outras, como inimigos. Em toda parte estavam os incrédulos muçulmanos e esperavam por nós. Eles lutaram contra nós, não suportam negociantes concorrentes. Travamos lutas difíceis com eles. Somente o imperador de Melinde nos recebeu amistosamente, queria nossa ajuda para enfrentar os vizinhos de Mombaça.

E, finalmente, então o 20 de maio do ano passado, 1498. Lembro-me perfeitamente. Chegada no porto de Calecute (costa oeste da Índia). Que paraíso! E que recepção! Mas quão breve foi a felicidade. Espelhos, pérolas de vidro e lã – nada entusiasmou o rei hindu. Ele debochou de nossas oferendas baratas e, por pouco, não teríamos conseguido adquirir pimenta, veludo e seda. Eles nos ameaçou, exigiu impostos e quase tudo o que tínhamos a bordo, em troca das suas mercadorias. Por sorte, conseguimos escapar do porto; tivemos até de sequestrar cinco hindus, para receber o salvo-conduto.

No entanto, agora temos a promessa de que, caso um dia voltemos a Calecute, se sobrevivermos a essa viagem de retorno à pátria, receberemos condimentos e diamantes em troca de pérolas, prata e ouro. Oh, Deus, permita-nos sobreviver a essa intempérie, a essa tempestade bárbara e ao escorbuto.

Diário de bordo da caravela São Gabriel, 8 de janeiro de 1499:

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Segundo baptismo e pé de judeus

D. Manuel I dava mostras de que não tinha a intenção de ver sair do Reino tão
importante grupo social e económico.

Começava, deste modo, o segundo processo compulsório de baptismo em pé dos judeus portugueses.

De Abril a Outubro de 1497, data marcada para a saída obrigatória dos judeus do solo português, outras atitudes similares foram tomadas

Tentava-se, a todo custo, fazer com que os judeus aceitassem o cristianismo. Portugal, durante o século XV, muito devido à política real de protecção da comunidade judaica, não teve um contingente significativo de conversões, por mais que tal atitude viesse a dar ao converso várias benesses, pois passaria a ser aceito em um rol de actividades até então vedadas à condição de judeus.

Portanto, as atitudes de incentivo ao baptismo, tomadas abruptamente na última década do Quatrocentos, tentavam, em um curto espaço de tempo, fazer o que a vizinha Espanha conseguira com uma política mais agressiva por décadas: a conversão de um grande número de judeus ao cristianismo.

Aproximava-se em Portugal a data do banimento e as medidas de incentivo ou de
baptismos forçados não tinham atingido o sucesso requerido em adesões à fé oficial.

À última hora, o rei destina o porto de Lisboa para a saída dos judeus que não aceitaram voluntariamente o cristianismo. A demora para se destinar o porto de embarque foi mais um dos muitos artifícios para dificultar a saída.

Chegada a hora do embarque, os judeus reunidos foram proibidos de deixar Portugal e baptizados em pé, contra a sua vontade. Uma multidão de judeus passou à condição de cristãos em um ato público de intolerância.

Terminava, desta maneira, o segundo e derradeiro processo de baptismo compulsório da
história de Portugal.

Chegavam ao fim séculos de cultura judaica livre na Península Ibérica. O decreto de expulsão não foi cumprido, antes se tornara de baptismo forçado.

Fonte :Alex Silva Monteiro CONVENTÍCULO HERÉTICO

sexta-feira, 15 de julho de 2011

  • O infante D.Afonso é nomeado abade de Alcobaça
O Cardeal-Infante D. Afonso de Portugal ou D. Afonso de Avis e Trastâmara foi o sexto filho do rei e de Maria de Aragão, sendo o quarto filho varão do casal , por esse motivo, como era habito,foi desde cedo destinado por seu pai para a vida religiosa, tendo sido cumulado de benefícios eclesiásticos, pois foi sucessivamente (mesmo não tendo ainda a idade legal para o exercício dessas dignidades) bispo da Guarda, cardeal-infante, bispo de Viseu, bispo de Évora e, por fim, arcebispo de Lisboa.

Com apenas três anos de idade, em 1512, o seu pai, tentou fazê-lo cardeal; contudo, o Papa Júlio II negou-lhe a pretensão, por não ser conforme às leis canónicas, segundo as quais só podia ser eleito cardeal homem com não menos de 30 anos de idade.

Conseguiu, no entanto, que o Papa designasse o jovem infante como protonotário apostólico no reino de Portugal.

Foi designado pelo monarca como abade de Alcobaça, e abade comendatário do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e do Convento de São João de Tarouca.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Casamento de D.Manuel com D.Leonor de Austria




A princesa D. Leonor estava destinada para esposa do príncipe D. João, herdeiro da coroa de Portugal, e eram ambos ainda muito crianças.

O rei D. Manuel, porém, que enviuvara pela segunda vez, vendo o retrato da jovem princesa, que apenas contava 19 anos, e diz a tradição ser de rara formosura, tanto se agradou dos seus encantos que resolveu escolhê-la para sua esposa, preterindo as pretensões do príncipe seu filho, realizando-se assim as suas terceiras núpcias.


Carlos V fora aclamado como imperador da Alemanha, e viera de Flandres para Saragoça, onde se reunira a corte, e D. Manuel, com o pretexto de o felicitar por ter cingido a coroa imperial, mandou a Saragoça como embaixador o seu camareiro, guarda-roupa e armador-mor Álvaro da Costa, mas o fim principal desta embaixada era tratar do casamento, muito em segredo, atendendo às circunstancias que se davam.

Álvaro da Costa desempenhou-se da sua missão com muita diligência e diplomacia, a proposta foi bem aceita pela corte de Castela, e as negociações depressa se concluíram.

Os desposórios efectuaram-se na mesma cidade de Saragoça em 16 de Julho de 1518, sendo nomeados procuradores, para tratar com o embaixador Álvaro da Costa, o cardeal Florent, bispo de Tortosa, que depois foi o papa Adriano VI, Guilherme de Croy, duque de Sora; e João le Sauvage, senhor de Strambeque.

Este casamento de D. Manuel causou um certo espanto em Portugal, porque o monarca mostrara-se inconsolável pela morte de sua segunda mulher, dizendo que abdicava a coroa em seu filho, e se recolhia ao convento de Penha Longa.

O príncipe sentiu grande desgosto, porque se apaixonara também pelo retrato da sua prometida, que se tornara agora em madrasta.


Concluídos os contratos matrimoniais, a nova rainha D. Leonor partiu de Saragoça, e entrou em Portugal por Castelo de Vide com o acompanhamento de fidalgos, e mais particulares, que Damião de Góis refere minuciosamente na parte IV da Crónica de D. Manuel, capítulo 34.


O monarca esperava-a no Crato, e em 24 de Novembro ali se celebraram pomposas festas . Como em Lisboa havia peste, partiram os régios esposos com toda a corte para Almeirim, onde se demoraram até ao Verão seguinte, passando em seguida a Évora, voltando para Lisboa só quando a epidemia estava completamente extinta

Fonte:Dicionário Histórico

domingo, 22 de maio de 2011

Acontecimentos no ano de 1517

  • Elevação de Olivença ao título de vila notável

No final do século, pelo Tratado de Alcanices, assinado em 1297 entre o Rei D. Dinis e Fernando IV de Castela, Olivença seria formalmente incorporada em Portugal, pera sempre , juntamente com Campo Maior, Ouguela e os territórios de Riba-Côa, em escambo com Aroche e Aracena. De imediato, D. Dinis elevou a antiga povoação à categoria de vila, outorgou-lhe foral em 1298, determinou a reconstrução da fortificação templária e impulsionou o seu povoamento.

Os seus sucessores reforçaram sucessivamente a posição estratégica de Olivença, concedendo privilégios e regalias aos moradores e realizando importantes obras defensivas. Em 1488, D. João II levantou a impressionante torre de menagem de 40 metros de altura.

Em 1509 D. Manuel I iniciou a construção de uma soberba ponte fortificada sobre o Guadiana, a Ponte da Ajuda, com 19 arcos e tabuleiro de 450 metros de extensão.

Do reinado de D. Manuel I, que deu foral novo em 1510, datam também outras notáveis construções como a Igreja da Madalena (por muitos considerada como o expoente, depois do Mosteiro dos Jerónimos, do manuelino), a Santa Casa da Misericórdia ou o portal das Casas Consistoriais.

Em 1517 D.Manuel eleva Olivença ao título de vila notável

Nos finais do século XV também eram vila notáveis Beja, Elvas, Guimarães, Leiria, Santarem e Tavira. Entre 1517 e 1580, para alem de Montemor, foram consideradas notaveis as vilas de Castelo Branco, Covilhã, Estremoz, Lagos, Loulé, Moura, Setubal, Tomar e Viana da Foz do Lima (actual Viana do Castelo)

  • Renovação do foral de São Pedro de Rates

São Pedro de Rates é uma vila histórica com cerca de 2500 habitantes. O topónimo e a localidade de Rates (do termo Ratis) parece ser anterior à romanização
.
Rates desenvolveu-se graças ao mosteiro fundado pelo Conde D. Henrique em 1100. É uma paróquia antiga referida no século XI com o título "De Sancto Petro de Ratis".

No ínicio do século XVI, o mosteiro desorganizou-se o que levou a que em 1517 tenha sido extinto e transformado em Comenda da Ordem de Cristo. O primeiro titular da Comenda foi Tomé de Sousa, natural desta terra e primeiro governador-geral do Brasil, a ele se segue uma longa lista de comendadores e comendadeiras.

Não se conhece foral velho, mas era já concelho no século XIII. Em 1517, o rei D. Manuel I renova o foral ao Couto da Vila e ao Mosteiro.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Acontecimentos no ano de 1517

  • O testamento de D.Manuel
Sensivelmente 1 mês depois da morte da Rainha, D.Manuel voltou à Penha Longa e assinou o seu testamento do qual se destaca o seguinte

Pedia para ser sepultado em campa rasa, na capela-mor dos Jerónimos , diante do altar-mor, não pretendia grandes lutos, mas que fossem rezadas 5000 missas por sua intenção. Contraditarias estas medidas entre a simplicidade e o aparato, revelador do seu feitio.

O rei encomendava que fossem libertados 70 cativos e fossem casadas 70 órfãs agraciadas com 12000 reais cada uma e fosse enviado um romeiro a Roma e a Jerusalém para obter a sua absolvição plena.

A custódia fabricada com o primeiro ouro chegado do Brasil era dado ao Mosteiro dos Jerónimos e outras dádivas em destaquem o Mosteiro de Sá Francisco em Beja onde repousavam os restos mortais de seus pais e irmão.

No aspecto político queria próximos do futuro rei o governo da Ordem de Cristo (nas mãos do próprio rei) e que o cargo de Condestável fosse atribuído a um dos seus filhos segundos enquanto destinava o infante D. Henrique para vida eclesiástica .

Pretendia que o infante D.João seu sucessor não ocupasse o trono antes dos 20 anos pelo que, caso D.Manuel falecesse antes do herdeiro completar essa idade, deveria o governo ser exercido por uma regência composta por 6 membros, O arcebispo de Braga, o bispo de Viseu, o conde de Tarouca, o conde de Vila Nova de Portimão e os dois vedares da Fazenda

  • O Terreiro do Trigo e a renovação da Alfândega

O ano de 1513 marca ... o início de uma grande reforma da frente ribeirinha
.....

Mais para poente, a Ribeira Velha ou das Portas do Mar ficava enquadrada por um
enorme edifício construído pela cidade em tempo de D. Manuel, uma vez mais de
carácter singelo mas eficaz nos seus propósitos: os Celeiros do Trigo, ou Armazéns do
Terreiro do Trigo. Foram erguidos em frente à fachada da igreja mais importante de
toda a frente ribeirinha, a Igreja da Misericórdia, instituição prestigiadíssima à altura,
ensombrando porém a sua fachada lateral e o monumental portal que ainda hoje
sobrevive.

Um dos edifícios mais importantes para o funcionamento da frente ribeirinha era a
Alfândega que era necessário renovar. A alfândega antiga remontava aos tempos
medievais e era demasiado pequena para atender às solicitações de tráfego crescente. As
obras para a Alfândega Nova foram lançadas em 1517 e a sua construção arrastou-se
durante decénios. O edifício ficava sobre o rio, pegado aos Armazéns do Terreiro do
Trigo. A configuração do edifício foi das que mais se alterou durante um século. Teria
começado por oferecer uma fachada de dois andares virada para o rio, com quatro
páginas e uma arcaria vazada no piso térreo, ligada a uma plataforma e a um cais a ela
associado, sendo esta a forma que, meridianamente, podemos apontar como sendo a de
quase todo o século XVI, quando cotejadas as fontes visuais, até cerca de 1580, segundo
cremos

Fonte :Lisboa (séculos XVI-XVII) da autoria de Paulo Pereira
Historiador de arte
Faculdade de Arquitectura
da Universidade Técnica de Lisboa

sábado, 12 de março de 2011

Acontecimentos no ano de 1517

  • Morte de D.Maria de Castela 2ºmulher de D.Manuel I
D. Maria de Aragão e Castela ou D. Maria de Trastâmara y Trastâmara que nascera em Córdoba a 29 de Junho de 1482, viria a morrer em Lisboa a 7 de Março de 1517, foi uma princesa aragonesa, segunda esposa de D. Manuel I, que fora rainha de Portugal desde 1501 até à sua morte.

Maria era filha dos Reis Católicos, Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão.

Teve quatro irmãos, entre os quais Joana a Louca, rainha de Castela, e Catarina de Aragão, esposa de Henrique VIII de Inglaterra (da qual o rei inglês se virá a querer divorciar e que estará na origem da separação da Igreja Anglicana da Católica Romana), e ainda Isabel de Aragão (esposa do príncipe Afonso de Portugal e primeira mulher de D. Manuel I).

A morte desta última, em 1498, durante o parto do seu filho, levou a que D. Manuel, numa política de aproximação entre as duas casas reais peninsulares, se viesse a consorciar com a sua irmã Maria em 30 de Agosto de 1500, tendo aí iniciado-se uma ligação dinástica com a Espanha tão profunda que, em última análise, estará na origem dos acontecimentos de 1580.

D. Maria faleceu em 1517, com apenas 35 anos, sofrendo durante 6 meses por nunca ter recuperado do seu último parto a 9 de Setembro de 1516. Foi sepultada na Madre de Deus, donde foi trasladada para o mosteiro de Belém.

  • O recolhimento na Penha Longa
Após a morte de D.Maria o rei recolheu-se no convento de Penha Longa, durante largo tempo, provavelmente não só para chorar a morte da mulher, mas para reflectir sobre os acontecimentos no reino e de alguns factos que ultimamente tinha ensombrado os seu sonhos imperiais.

O desastre de Mamora, o falecimento de Afonso de Albuquerque, foram alguns dos factos que o abatiam e desanimavam ao ponto de ter ponderado a possibilidade de abdicar do trono, guardando para si apenas o reino de Algarve e a Ordem de Cristo.

Não foi essa contudo a conclusão que retirou das suas reflexões, muito embora algum tempo mais tarde tivesse voltado à Penha Longa para redigir o seu testamento.

  • Carta de alforria aos escravos de São Tomé

Nos princípios do séc. XVI, vislumbram-se em São Tomé, já pequenas confrontações sociais, tendo como causa o choque de interesses entre as diferentes classes existentes. Em 1512, um incêndio cuja razão se desconhece, destruiu por completa a única povoação conhecida da ilha e em função das rigorosas calamidades a que ficaram expostos os seus habitantes e da forte repressão exercida pelos colonos sobre os escravos, originou-se uma revolta do escravos pertencentes a uma família Lobato, seguidos de outros escravos (mestiços e pretos) a 20 de Janeiro de 1517.

Na sequência desses confrontos, D.Manuel mandou aplicar aos escravos homens e seus filhos a carta de alforria que conduzia à sua libertação da condição de escravos. Provavelmente foram estes ex-escravos e ex-escravas, que deram origem ao grupo que formou a Confraria de Nossa Senhora do Rosário dos Negros de São Tomé

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Embaixada frustada à China

Em 1516, parte para Cantão uma frota de Fernão Pires de Andrade, dirigindo uma embaixada que o rei tinha decidido enviar à China.

Nessa frota seguia Tomés Pires, nascido em Portugal nos finais do século XV, foi como boticário que partiu para o Oriente onde, para além das funções de feitor para o comércio das especiarias, reuniu importante pecúlio. Afonso de Albuquerque enviou-o a Malaca, a que se seguiu, em 1516, a nomeação como embaixador de Portugal na China, missão da qual jamais regressaria.

Na chegada, Fernão Peres de Andrade, capitão da armada, em jeito de saudação, mandou hastear a bandeira portuguesa e disparar os canhões, comportamento que não foi bem recebido pelos chineses, pois não se coadunava com os seus costumes.

Por outro lado, e apesar de chegar a confirmação de que Tomé Pires e o seu séquito seriam recebidos pelo Imperador, esse encontro foi por demais demorado, só vindo a realizar-se três anos mais tarde (1520), o que fez atrasar o seu regresso e comprometer irremediavelmente a missão.

Entretanto, ainda em meados de 1519, chegou o capitão Simão de Andrade, irmão de Fernão Peres de Andrade, com a intenção de recolher Tomé Pires, mas, pouco dado ao trato diplomático, toma atitudes que ofendem tremendamente os chineses, nomeadamente o facto de ter erguido um fortim e mandado enforcar um dos seus marinheiros.

Por isso, quando a embaixada partiu de Cantão, em 1520, para Pequim, tinha poucas hipóteses de se tornar um sucesso.

Também as erróneas traduções dos textos, motivadas pela falta de preparação dos intérpretes, assim como o presente, pouco sumptuoso, que os portugueses levavam, da parte do rei D. Manuel para o imperador da China, em nada favoreceram a imagem dos lusitanos, que acabam por ter um acolhimento desagradável por parte do Imperador e dos mandarins.

Com a embaixada recusada, voltam a Cantão, onde as hostilidades culminaram na prisão e posterior execução do embaixador e seus acompanhantes. Na verdade, desconhece-se, com rigor, se Tomé Pires chegou a ser executado, ou se veio a ser libertado. Porém, no dizer de Fernão Mendes Pinto, o boticário deixou descendência na China e lá morreu, por volta de 1540.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O malogro da construção fortaleza de Mamora



Para além da consolidação do reino nas Índias, D.Manuel não esquece o desejo de consolidação da presença portuguesa no norte de África.

Em 1514 mandara Estêvão Rodrigues Bério e a João Rodrigues proceder a um reconhecimento na barra do rio Cebu, tomando medidas do seu fundo, da amplitude da maré, da quantidade de navios que ali poderiam entrar, das características da terra em ambas as margens, da existência de madeira e pedras para construção

De posse dessas informações foi estabelecido um plano que passava pela construção dum ponto de apoio na zona,

Deste modo a 13 de Junho de 1515 uma forte armada (200 embarcações e 8.000 homens), sob o comando de D. António de Noronha, deixou o rio Tejo e viria a ancorar na foz do Cebu em 24 de Junho, dia de São João, desembarcando e ocupando a povoação sem resistência.


Iniciaram então uma fortificação de campanha, em faxina e terra, com a função de dar protecção à construção de outra mais sólida, em alvenaria de pedra. E

sse local contudo não se mostrou adequado porque apenas previa a defesa pelo lado do mar mas esqueceram a possibilidade dum ataque por terra o que se revelaria desastroso quando dum ataque desfechado pelos muçulmanos, que impôs uma pesada derrota aos portugueses. Ao ser dada a ordem para a retirada (10 de Agosto), os defensores fizeram-no em debandada, com a perda de mais da metade dos homens, de grande quantidade de artilharia e de cerca de cem navios, afundados ou encalhados na barra.

As informações previamente recolhidas, pelo vistos não se mostraram minimamente eficazes na obtenção dos resultados que se pretendiam.







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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Acontecimentos no ano de 1515

  • A reconquista de Ormuz

Em 1 de Abril de 1515, Albuquerque retornou a Ormuz, à frente de uma frota de 27 navios, com um efectivo de 1.500 soldados portugueses e 700 malabares, determinado a reconquistá-la.

Bem sucedido, ocupou a posição da antiga fortaleza retomando a construção, do Forte de Nossa Senhora da Vitória, agora sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição e estabeleceu a suserania portuguesa, subordinada ao Estado da Índia.

Como nessa época, os principais portos do golfo Pérsico e da Arábia, tais como Julfar, Bahrain, Calaiate (Qalhat), Mascate, Catifa (al Qatif), Corfacão, e as ilhas de Queixome (Qeshm) e Lareca, encontrava-se sob o domínio do reino de Ormuz, com a sua queda, todas as cidades e portos da região tornaram-se tributárias do rei de Portugal.

O reino de Ormuz permaneceu como uma potência regional, em articulação com o Estado Português da Índia. Sob esta fórmula, a presença portuguesa na região estendeu-se por mais de um século, até aos anos de 1620-1650.

  • Construção da Torre de Belém

A 4 de Julho de 1515, D. Manuel I mandou erguer a Torre de Belém no local onde o seu antecessor, D. João II, pretendera levantar um forte para defesa do porto sob projecto de Garcia de Resende.

Quatro anos e três dias depois, a obra estava concluída segundo o risco de Franscisco Arruda.

Mais do que uma obra militar, trata-se de uma verdadeira obra-prima de arquitectura, marco histórico da epopeia marítima portuguesa. Diz-nos Garcia de Resende que D. João II ordenara a construção de uma torre e um baluarte na Caparica, encomendando ao seu cronista (e também arquitecto) o projecto de um forte na margem norte do Tejo, de forma a que os fogos dos dois redutos impedissem a entrada no estuário. Morreria o Príncipe Perfeito sem ver tal obra sequer iniciada.

No início do século XVI as águas do Tejo batiam mais perto do local onde já se começara a construir o Mosteiro dos Jerónimos. Em frente, como que emergindo do rio, um conjunto rochoso foi considerado suficiente para nele se levantar a fortificação de dois corpos - torre e baluarte -, que teve várias designações antes de se perpetuar como Torre de São Vicente de Belém.

Em planta, a fortificação compõe-se pela torre, integrando a habitação do capitão-mor (em 1521 foi nomeado o primeiro, Gaspar de Paiva), e pelo baluarte hexagonal que a rodeia e protege.


Num piso inferior, abaixo da linha de água, encontram-se as caves que serviram de paióis e, mais tarde, de prisão política para altas individualidades. Ali esteve encarcerado até à morte D. Pedro da Cunha, pai do bispo do Porto D. Rodrigo da Cunha, partidário de D. António Prior do Crato.

Mais tarde, em 1641, nobres personalidades da corte, como o duque de Caminha, o marquês de Vila Real e o conde de Vale dos Reis, foram ali aprisionadas por suposta implicação numa conjura contra D. João IV.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Morte de Afonso de Albuquerque

Albuquerque permanecia em Ormuz, concluindo a construção da fortaleza em 1515, investindo em esforços diplomáticos para o seu plano de domínio dos pontos estratégicos que permitiam o controlo marítimo e o monopólio comercial da Índia e a receber enviados, mas cada vez mais doente.

Em Novembro de 1515, decidiu voltar, mas não sobreviveu à viagem.

A carreira de Afonso de Albuquerque teve um final doloroso e ignominioso. Na corte portuguesa tinha vários inimigos que não perdiam a oportunidade de espicaçar a inveja do rei D. Manuel I contra ele, insinuando que pretendia a independência do poder na Índia.

A sua conduta, por vezes imprudente e tirânico, serviu estes fins na perfeição. No regresso de Ormuz, à entrada do porto de Goa, cruzou-se com um navio vindo da Europa que trazia a notícia da sua substituição pelo seu inimigo pessoal Lopo Soares de Albergaria, líder do grupo que se lhe opusera quando da substituição do vice-rei. O golpe foi demasiado para Afonso de Albuquerque, que morreu no mar a 16 de Dezembro de 1515.

É-lhe atribuída a frase de "Mal com el-rei por amor dos homens, mal com os homens por amor de el-rei.", que terá exclamado ao saber da notícia.

Pouco antes de morrer, em resposta a uma carta do rei admoestando-o pelos gastos e conquistas excessivas, e por não se ter dedicado ao objectivo inicial, escreveu uma carta ao rei em tom digno e afectuoso, assumindo a sua conduta e pedindo para o seu filho natural as honras e recompensas que eram justamente devidas a si próprio:

Tinha 66 anos, mas aos portugueses da época pareceu na altura que não era só ele que morria, mas o próprio estado português da Índia que morria com ele, Foi a enterrar na capela de Nossa Senhora da Guerra, mas muitos anos depois o seu corpo foi transladado para Lisboa e foi sepultado na Igreja de Nossa Senhora da Graça.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Acontecimentos no ano de 1514

  • Criação da Diocese do Funchal pela Bula Pro Excelenti e eleição de D. Diogo Pinheiro para seu Bispo
A primeira diocese criada nos domínios das nossas conquistas e descobertas foi a do Funchal.
O aumento continuo da população e a importância que notavelmente foi adquirindo o Funchal deram motivo a que D. Afonso V elevasse essa povoação á categoria de vila, pelo ano de 1451.
Era também indispensável regularizar a situação religiosa do arquipélago duma maneira mais satisfatória, pois pertencendo a Madeira á Ordem de Cristo, que tinha a sua sede em Tomar, era a ela que cabia superintender nos assuntos de jurisdição eclesiástica tendo para isso delegado no vigário de Nossa Senhora do Calhau a direcção de todas as questões religiosas nesta ilha.

Impunha-se pois a criação duma diocese autónoma, que tivesse á sua frente um prelado que pudesse exercer todos os actos do culto e superintender livremente em todos os negócios da disciplina eclesiástica.

Assim o compreendeu o rei D. Manuel, e solicitando a criação da diocese funchalense, foi esta estabelecida pelo papa Leão X, pela Bula Pro Execelenti de 12 de Junho de 1514 desligando o novo bispado da jurisdição do mestrado da Ordem de Cristo.

O primeiro bispo desta diocese foi D. Diogo Pinheiro, que exercia um elevado cargo na Ordem de Cristo, a que a Madeira pertencia no espiritual.

O fim principal da criação da diocese foi entregar a direcção pessoal e imediata das questões religiosas neste arquipélago a um prelado, que pudesse também exercer todos os actos do culto e da jurisdição canónica privativos da hierarquia eclesiástica a que pertencem os bispos.

Não sucedeu, porém, assim. Só cinquenta e dois anos depois da criação da diocese funchalense é que o quarto bispo dela, D. Jorge de Lemos, veio pessoalmente tomar posse do seu cargo, que desempenhou durante alguns anos.

Fonte: Diocese do Funchal

  • Elevação do lugar de Nordeste, ilha de São Miguel, à categoria de vila.
O Nordeste é uma vila e um município português na ilha de São Miguel, Região Autónoma dos Açores, com 101,51 km² de área e 5 254 habitantes (2004), subdividido em 9 freguesias. O município é limitado a sul pelo município da Povoação e a oeste pela Ribeira Grande e tem costa no oceano Atlântico a norte e leste.

No Nordeste existem muitos pontos turísticos como a Miradouro da Ponta do Sossego, Miradouro da Ponta da Madrugada, Serra da Tronqueira, Farol do Arnel, Parque Natural dos Caldeirões, entre outros miradouros que permitem avistar paisagens panorâmicas para o mar.

O Nordeste é muito conhecido pela sua vegetação e pelas lindas flores como as hortências ou as azaléias que enfeitam as estradas do concelho.

Aqui se localiza o Pico da Vara, ponto mais alto da ilha de São Miguel, com cerca de 1100 metros de altitude. O seu relevo é de carácter montanhoso, recortado por ribeiras que deslizam por entre a vegetação. Com uma extensão aproximada de 1982 hectares, incorpora uma grande quantidade de vegetação endémica e tipica da Macaronésia, assim como todo um conjunto de flora rara e de grande valor. O Priolo, ave endêmica da ilha, encontra aqui o seu habitat.