D. Manuel I dava mostras de que não tinha a intenção de ver sair do Reino tão
importante grupo social e económico.
Começava, deste modo, o segundo processo compulsório de baptismo em pé dos judeus portugueses.
De Abril a Outubro de 1497, data marcada para a saída obrigatória dos judeus do solo português, outras atitudes similares foram tomadas
Tentava-se, a todo custo, fazer com que os judeus aceitassem o cristianismo. Portugal, durante o século XV, muito devido à política real de protecção da comunidade judaica, não teve um contingente significativo de conversões, por mais que tal atitude viesse a dar ao converso várias benesses, pois passaria a ser aceito em um rol de actividades até então vedadas à condição de judeus.
Portanto, as atitudes de incentivo ao baptismo, tomadas abruptamente na última década do Quatrocentos, tentavam, em um curto espaço de tempo, fazer o que a vizinha Espanha conseguira com uma política mais agressiva por décadas: a conversão de um grande número de judeus ao cristianismo.
Aproximava-se em Portugal a data do banimento e as medidas de incentivo ou de
baptismos forçados não tinham atingido o sucesso requerido em adesões à fé oficial.
À última hora, o rei destina o porto de Lisboa para a saída dos judeus que não aceitaram voluntariamente o cristianismo. A demora para se destinar o porto de embarque foi mais um dos muitos artifícios para dificultar a saída.
Chegada a hora do embarque, os judeus reunidos foram proibidos de deixar Portugal e baptizados em pé, contra a sua vontade. Uma multidão de judeus passou à condição de cristãos em um ato público de intolerância.
Terminava, desta maneira, o segundo e derradeiro processo de baptismo compulsório da
história de Portugal.
Chegavam ao fim séculos de cultura judaica livre na Península Ibérica. O decreto de expulsão não foi cumprido, antes se tornara de baptismo forçado.
Fonte :Alex Silva Monteiro CONVENTÍCULO HERÉTICO