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domingo, 23 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1504

  • Inauguração do Hospital de todos os Santos
Em 1492, quando D. João II lançou em cerimónia pública a primeira pedra para a construção do Hospital de Todos os Santos, sua intenção era dotar Lisboa de uma casa hospitalar que pudesse assistir à população que vivia na cidade e em seu termo.

Erguido no Rossio, sobre o chão do antigo cemitério dos mouros e às custas da desapropriação de construções que serviam de morada e de oficinas artesanais, o primeiro Hospital Real português foi concluído em 1504,

A obra desactivou as modestas instalações que serviam de enfermaria para os oficiais mecânicos no fundo das lojas e foi um passo decisivo para a transformação do conceito das unidades hospitalares em Portugal.

Entregue à protecção de Todos os Santos, porque reuniu os antigos hospitais, identificados por patronos celestes, a instituição pretendia ser uma casa de saúde. Embora oferecesse os serviços de um capelão para conforto espiritual e psicológico de seus pacientes, seu desiderato não se restringia a abrigar doentes para que tivessem uma boa morte e os últimos cuidados religiosos. Definidos por Regimento em 1504, o perfil e a actuação do quadro funcional e o próprio dia-a-dia hospitalar revelavam que o propósito maior do estabelecimento era a recuperação do interno

O rigor com a limpeza do hospital, a manutenção de condições necessárias para prover a alimentação adequada a cada paciente, o controle do excesso de ruídos, a postura a ser assumida pelos funcionários diante da doença e da morte, assim como a disposição calculada dos leitos nas instalações, davam a tónica do discurso médico-administrativo do Hospital Real.

A equipe médica era formada por dois físicos, dois cirurgiões, um barbeiro e sangrador, um boticário, uma cristaleira, além dos enfermeiros e de uma ajudante da enfermaria feminina.

Com excepção de um dos físicos, um dos cirurgiões e do barbeiro, todos os outros oficiais moravam nos alojamentos do Hospital, para acudir de imediato os internos. Os físicos e os cirurgiões realizavam, diariamente, cada qual por sua vez, duas visitas aos doentes. A primeira tinha lugar logo ao raiar do sol, a segunda ocorria até as duas horas da tarde

Nestas diligências, os quatro eram acompanhados pelo boticário, pelo barbeiro e pelo vedor. Após os procedimentos de costume, ou seja, a verificação do pulso e o "exame das agoas" (urina), o enfermeiro-mor registrava no prontuário do paciente – uma tábua de madeira presa à cama com os dados de identificação do interno – as mezinhas a serem preparadas pelo boticário, a dieta prescrita pelo médico, que o vedor encaminharia à cozinha, e as sangrias a serem executadas pelo barbeiro.

A estipulação de uma rotina hospitalar, com horários de atendimento determinados pelo regulamento, e a manutenção de um quadro funcional fixo, com funções interligadas, disponível a qualquer hora, por residir na instituição, articulada à remoção discreta e imediata do paciente após o óbito, por ser a prova maior do fracasso do tratamento, fizeram do Hospital de Todos os Santos um ícone das tecnologias disciplinares implementadas pela Coroa portuguesa no século XVI.

  • O rei concede isenção de sisas à Ordem de Cristo.
Foi o rei D. Manuel que privilegiou a Ordem de Cristo e todos os membros e instituições da Igreja entre 1498 e 1504, eximindo-os do pagamento deste imposto, além da dízima e da portagem.

  • Início do povoamento da ilha das flores

Manuel I faz a doação da capitania-donataria a João da Fonseca, a 1 de Março de 1504, que retoma o povoamento com elementos vindos da Terceira e da ilha da Madeira, aos quais se somou, por volta de em 1510, nova leva de indivíduos de várias regiões de Portugal, com predomínio dos do norte do país.

Este povoamento distribuiu-se ao longo da costa da ilha, com cada família ou grupos afins ocupando a data ou sesmaria que lhes coubera, com base na cultura de trigo, cevada, milho, legumes e na exploração da urzela e do paste

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1503

  • Vicente Sodré terá chegado à ilha de Socotorá.

Vicente Sodré partiu para a Índia a 10 de Fevereiro de 1502, como sota-almirante (sota-capitão) da armada comandada por seu sobrinho D. Vasco da Gama, pois estava determinado que substituiria o almirante em caso deste falecer, e morreria num naufrágio sob um tufão, junto às ilhas Curia Muria (Omã), em finais de Abril ou inícios de Maio de 1503.

Vicente Sodré, servidor fiel e experimentado do rei, antes do mais interpreta e encarna esta visão ao zarpar para o estreito de Meca e advir o verdadeiro precursor do combate contínuo pela nossa hegemonia marítima no Índico, o primeiro mártir desse esforço secular homérico, ficando na História, fossem quais fossem os seus pecados, como o primeiro capitão-mor do mar da Índia, que a partir dele sempre contou com a permanente presença naval portuguesa até há poucas décadas.

A terminar, em termos muito gerais, talvez seja possível aventar que a morte de Vicente Sodré conduziu a uma modificação na estratégia portuguesa, nesta fase centrada no monopólio do comércio das especiarias. Com Gama ajuizara-se que bastaria instalar feitorias nas principais cidades indianas que escoavam as especiarias e fazer amizade com os rajás locais.

Com a resistência enfrentada por Cabral concluíra-se que além das feitorias eram necessárias armadas permanentes para as proteger e dominar as rotas do comércio marítimo. Com a morte de Sodré percebera-se que a mobilidade, a velocidade e a iniciativa no mar não eram suficientes, havendo que construir fortalezas para apoiar as feitorias e as armadas. A trilogia feitoria-fortaleza-armada será a chave do Império.


Nos círculos comerciais, a notícia do achamento de terra firme no Atlântico Sul despertou o interesse dos armadores dos portos do Atlântico e do Mediterrâneo. A presença de representantes de casas comerciais italianas e alemãs em Portugal, sobretudo de florentinos e genoveses, datava do início da epopéia da expansão ultramarina. Forneciam capital, armavam navios e participavam ativamente do processo de expansão da agroindústria do açúcar no Algarve e nas ilhas atlânticas (Madeira, Cabo Verde, São Tomé). A concessão de privilégios comerciais a banqueiros estrangeiros tornara-se relativamente freqüente no transcorrer do século XV.

  • Financiamentos por banqueiros europeus
O banqueiro e mercador florentino Bartolomeu Marchione, um dos mais poderosos de Lisboa, redistribuía açúcar e vinhos da Madeira às casas comerciais dos Médicis em Londres e Bruges. Marchione financiou parte das expedições de descobrimento e comércio visando à abertura da Carreira das Índias e armou naus nas expedições de 1500, 1501 e 1502.

Os Affaitati, banqueiros de Cremona e donos de uma das mais bem-sucedidas companhias internacionais dos séculos XV e XVI, tinham representantes comerciais em Lisboa desde o final do século XV e participavam da redistribuição do açúcar da Madeira e, posteriormente, da pimenta da Índia.

A casa comercial dos Welser, uma das mais importantes do sul da Alemanha, financiou e enviou representantes nas expedições à Índia, além de possuir uma feitoria na Madeira. O mesmo ocorria com a casa dos Fugger de Augsburgo, embora em escala menor.

sábado, 8 de outubro de 2011

Acontecimentos no ano de 1502

  • Início da construção do Mosteiro dos Jerónimos
Encomendado pelo rei D. Manuel I, pouco depois de Vasco da Gama ter regressado da sua viagem à Índia, foi financiado em grande parte pelos lucros do comércio de especiarias.

Escolhido o local, junto ao rio em Santa Maria de Belém, em 1502 é iniciada a obra com vários arquitectos e construtores, entre eles Diogo Boitaca (plano inicial e parte da execução) e João de Castilho (novo plano,abóbadas das naves e do transepto – esta com uma rede de nervuras em forma de estrela –, pilares, porta sul, claustro, sacristia e fachada) que substitui o primeiro em 1516/17

Deriva o nome de ter sido entregue à Ordem de São Jerónimo, nele estabelecida até 1834.

  • Vasco da Gama funda uma feitoria na ilha e Moçambique

Vasco da Gama desembarcara em Inhambane a 11/1/1498, chamando à região a Terra da Boa Gente. Onze dias depois chega a Quelimane onde coloca um Padrão de S. Rafael, e a 1 de Março borda a Ilha de Moçambique. Em 1502, desembarca por uma segunda vez fundando uma feitoria na Ilha de Moçambique.
  • Bombardeamento de Calecute

Conquista de Calecut, depois de bombardear a cidade durante um dia inteiro. Comete algumas atrocidades, como a de incendiar uma nau com 300 homens e mulheres a bordo.

Rumou para o sul até Cochim, um pequeno reino rival, onde foi calorosamente recebido pelo Rajá,estabelecendo ali uma feitoria e regressando à Europa com seda e ouro

  • O achamento da baia de Guanabara


O primeiro registro da passagem de um europeu pela região foi a expedição portuguesa de 1501-1502 comandada por Gaspar de Lemos (algumas fontes creditam a liderança da expedição a André Gonçalves, outras a D. Nuno Manuel, a qual tinha por objectivo explorar a costa brasileira.

O Brasil havia sido descoberto um ano antes. Da expedição de Lemos (ou Gonçalves ou D. Nuno) fazia parte o piloto florentino Américo Vespúcio, o qual, ao passar pela atual Baía de Guanabara (Guanabara é um nome tupi que significa "mar do seio", numa referência à abundância de alimentos proporcionada por suas águas ou então ao formato circular da baía, semelhante ao formato de um seio.

A porção mais externa da baía, próxima ao oceano, era conhecida pelos índios como Niterói, que significa "Água escondida em 1 de janeiro de 1502, nomeou-a como rio de Janeiro, por acreditar tratar-se da foz de um rio.

A expedição explorou a baía e não pode ter deixado de notar a presença dos índios tamoios e temiminós que povoavam as margens da baía. A expedição não se deteve por muito tempo na região e continuou sua viagem exploratória pelo litoral até o extremo sul do continente.