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domingo, 12 de outubro de 2008

Aclamação de D.Manuel como rei de Portugal

Com a morte em Alvor, do rei D.João II, no dia 24 de Outubro de 1495, fica aberto o caminho para o trono, a D.Manuel, duque de Beja, culminando uma incrível sucessão de factos, provavelmente das mais invulgares da História do ocidente europeu.

Trata-se duma subida ao trono do único rei português sem ser nem descendente, nem irmão do seu antecessor, beneficiando da morte de um primo e de cinco irmãos.

Nem sempre aludo ao facto um pouco inverosímil da História de Portugal, de todos os reis terem um cognome, muitas vezes desajustado até, da realidade dos acontecimentos no período do respectivo reinado, porém, apelidar de Venturoso a D.Manuel I, parece-me perfeitamente ajustado, não só devido à conjugação dos factores que anteriormente referi e que o conduziram ao trono, mas naturalmente por tudo o que irá acontecer no decorrer da sua regência.

O desenho da sua aproximação à sucessão real, quando em 13 de Julho de 1491, morreu o príncipe D.Afonso, herdeiro da coroa. Formalmente é certo, porque por essa altura ,o rei D.João apenas com 36 anos estaria ainda a tempo de vir a ser pai de novo herdeiro do trono.

A estranheza de "comportamento da roda da fortuna", não faria crer, apenas 6 meses antes, do trágico desaparecimento do príncipe herdeiro, que o seu casamento com D.Isabel de Castela, era o corolário a consolidação do reino do Príncipe Perfeito, e os êxitos dos navegadores portugueses pelo Atlântico Sul e a passagem da Boa Esperança.

A preocupação era com o Duque de Beja, seu cunhado, que D.João II cuidava. Sem descendência o seu ducado poderia até extinguir-se pelo que o rei, lhe assegura em 19 de Maio que assumirá por completo todos as responsabilidades que uma eventual morte prematura de D.Manuel, pudesse ocasionar.

Situação totalmente invertida apenas 2 meses depois, seria afinal o príncipe herdeiro a desaparecer.

Durante os poucos anos em que D.João II, sobreviveu ao seu filho, procurou promover à sua sucessão o filho bastado D.Jorge, fruto duma relação que tivera com Ana Furtado de Mendonça e que relatei no blogue sobre D.João II e que pode ser consultado aqui.

Todos os cronistas referiram a atitude de D.Manuel acerca da aceitação da legitimação de D.Jorge de Lencastre , mas a forte oposição de sua irmã a rainha D.Leonor, acabou por conduzir ao malogro dessa pretensão.

No seu último testamento, D.João II nomeia D.Manuel como seu sucessor, mas apenas por um ano, sinal que além de prever a melhoria da doença que o afectava, também assinalava por certo o desejo que algo pudesse mudar, no que pretendia para D.Jorge.

Quando a morte de D.João II aconteceu, D.Manuel estava em Alcácer do Sal, tendo sido aclamado como rei no dia 27 de Outubro de 1495, tinha então 26 anos e iria reinar em Portugal outros tantos 26 anos.

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